04: O ÁLCOOL

Por Ramatis

Pergunta: A indústria de bebidas alcoólicas é tão vasta, em nosso mundo, que, se porventura se fechassem subitamente todas as fábricas de bebidas, isso redundaria num desastre econômico pois, além de ficar reduzida a fabulosa renda fiscal, ficariam prejudicados os fabricantes de garrafas, barris, caixas, tampinhas de garrafas, copos, impressos, bem assim a lavoura do lúpulo, da cana, da cevada e de diversos outros produtos utilizados no ramo comercial de que se trata, sem se falar no problema do desemprego! Estamos certos nesta conclusão?


Ramatis: É totalmente insensato esse sistema de sustentação econômica do vosso orbe, porquanto os prejuízos decorrentes do abuso do álcool são muito mais vastos e impressionantes do que os trazidos por esse desastre que tanto vos apavora! A tendência progressista, própria da vida criada por Deus, não deixaria de inspirar-vos para a imediata substituição de fatores e criação de meios capazes de compensar os prejuízos das primeiras horas. Não desconheceis que o uso imoderado do álcool é o responsável pela quase totalidade de crimes, de imoralidade, de miséria, de doença, de luxúria, de paixões, e de belicosidade entre os homens! Por esse motivo, é lastimável a existência de tal indústria e comércio, que mais se assemelha a um monstruoso e degradante vampiro a sugar as forças mais sadias e vitais da humanidade. As consequências nefastas do abuso do álcool, que prejudica as nações, as famílias e os indivíduos, são bem piores que a diminuição da renda orçamentária obtida a custo do imposto alcoólico e do envenenamento do povo! O álcool está devorando o organismo delicado da raça humana, e nenhum governo perderia com a sua extinção industrial e consequente queda na arrecadação de impostos. Uma nova vida regrada, com a consequente recuperação da saúde humana, substituiria as fabulosas cifras despendidas com hospitais, asilos, presídios, policiamento, de socorro, recuperação da juventude transviada e demais ônus decorrentes quase todos do alcoolismo atual. 

(Ramatis: por Hercílio Maes. Fisiologia da alma; pag. 124 e 125).


Na raiz de quase todos os males, como a tuberculose, o câncer, a imbecilidade, as taras hereditárias, as cirroses, a epilepsia, as neuroses, as lesões orgânicas, a sífilis, os crimes tenebrosos, a miséria humana e os delírios alucinatórios, encontra-se o famigerado dedo do álcool a apontar o trabalho que realizou.

(Ramatis: por Hercílio Maes. Fisiologia da alma; pag. 125).


Mas, infelizmente, cada nação terrícola ainda se sente glorificada pelo seu produto alcoólico tradicional, como se ele representasse um grande invento científico ou artístico pois, enquanto a Alemanha se orgulha de sua cerveja, a Rússia da vodca, a França, Portugal e Itália de seus vinhos famosos, os estados Unidos e Inglaterra cantam louvores ao seu uísque finíssimo, a América Central louva o rum nativo, e mesmo o Brasil, vossa pátria, já se envaidece com a famigerada cachaça!

A bebida alcoólica portanto, malgrado ser excelente fonte de renda para os governos, é o gérmen maléfico de toda série de enfermidades, degenerações orgânicas, embrutecimento mental, crimes, desastres, desencaminhamento da juventude, do menor abandonado, gastos vultosos e infelicidades terrificantes ... (Ramatis: por Hercílio Maes. Fisiologia da alma; pag. 125). 


O ébrio Contumaz começa por se descuidar do seu vestuário; torna-se excêntrico e assume atitudes extravagantes, passando a interpretar a vida e as coisas a seu modo, com visíveis modificações e anomalias em sua personalidade. Irrita-se com facilidade, faz exigências absurdas e pouco a pouco se afasta do trabalho; contradiz-se e se revolta a todo momento; rebaixa-se moralmente e perde o senso psicológico do ambiente, vivendo existência à parte monologando ou gargalhando, no seio de um mundo incoerente. Os seus delírios são constantes e mesclados de alucinações visuais e auditivas, percebendo imagens estranhas e formas extravagantes de répteis e aracnídeos; instala-se em sua alma o capricho excessivo, a desconfiança para com os seus íntimos, defrontando em todos possíveis inimigos e tornando-se cada vez mais deslocado da família.


Degeneram-se os órgãos, inflamam-se os intestinos e o estômago, atrofia-se lhe o fígado, ficando sujeito à tradicional afecção cardíaca, devido à má drenação renal. Então o seu aspecto se modifica e a feição se torna estranha, o rosto balofo, de cor terrosa, olhos empapuçados e injetados de sangue, o nariz roliço e rubicundo. Essa anarquia física é apenas o reflexo da sua terrível desordem psíquica... (Ramatis: por Hercílio Maes. Fisiologia da alma; pag. 127).


O fato de indivíduos pouco expansivos ou tímidos ingerirem álcool e passarem a fazer pilhérias, tornando-se irônicos ou audaciosos, não comprova que o álcool os tornou mais inteligentes. A inteligência, sem dúvida, aplica-se pelo exercício mental, pelo estudo e experimentação constante dos fatores da vida de relação; se assim não fora, bastaria ministrar o álcool a um imbecil, para que ele se pusesse imediatamente a compreender com facilidade aquilo que não compreendia antes. 

(Ramatis: por Hercílio Maes. Fisiologia da alma; pag. 128).

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